terça-feira, 2 de março de 2010

Procissão do Desterro - Lisboa


3º Domingo de Quaresma, dia 7 de Março, realiza-se mais uma Procissão dos Passos, na Cidade de Lisboa, neste domingo é a vez do Desterro percorrer os passos do Senhor. Vejamos um pouco da história desta segunda procissão da capital.

Uma outra Procissão dos Passos em Lisboa, com grande notoriedade, tendo-se tornado a principal "rival" da Graça mas que nunca conseguiu suplantar a da Graça, e tem sido sempre consederada como uma espécie de parente pobre em relação à outra.

Nasceu no antigo Convento de São Bernardo e de São Bento que, por servir de desterro aos religiosos de Alcobaça, sempre que estes cometiam alguma falta grave, acabou por ser conhecido pelo Convento do Desterro.

A polémica estalou quando os religiosos fizeram vir de Alcobaça uma imagem do Senhor dos Passos, pela qual sentiam uma grande devoção, surgindo então a Irmandade da Santa Cruz e Passos de Cristo.

Esta Irmandade, fundada no século XVII, alcançou uma grande popularidade, tendo mesmo conseguido recrutar irmãos entre a realeza e fidalguia.
Determinada a impedir a saída à rua de outro cortejo, e o levantamento de Passos na via pública, a Irmandade da Graça processou-a juricialmente, em 1720, por se considerar lesada pela escolha do nome e pela utilização de vestes roxas pela nova confraria.

O processo judicial provocou um grande escândalo, que se alastrou até 1746, tendo sentença final autorizando a saída à rua do cortejo do Desterro, na 3ª sexta- feriar da Quaresma, e proibido o levantamento de Passos ao longo do percurso.

A Imagem era depositada de véspera na capela da Bemposta, indo o andor encoberto. No dia seguinte, a procissão regressava solenemente ao Desterro com o andor descoberto.

O terramoto de 1755 abalou o Convento e abateu a Igreja, que foi substituída por uma nova. Retomada após alguns anos de interrupção, a Procissão continou a fazer-se da nova igreja do Desterro para a da Bemposta.

Em 1854 deixou de se fazer o depósito da Imagem, e em 1860 deixou-se de fazer a procissão por falta de meios. Preocupada com a continua debandada da nobreza, que desde o reinado de D. João V se fixara na Graça, a Irmandade do Desterro viu-se obrigada alançar uma subscrição pública para conseguir volta a fazer a procissão.

Decidida a recuperar a fama, a Irmandade convidau o rei D. Carlos para Provedor Perpétuo, e a rainha D. Amelia e D. Maria Pia para aias da Imagem, conseguindo pôr novamente o Cortejo na rua em 1894.

Disposta a não ceder perante a prepotência dos gracianos, a irmandade do Desterro decide enfrentá-los, chegando mesmo a trocar o antigo itinerário por um novo até ao Chiado, tal como a da Graça. Mas, não foi apenas a Procissão do Desterro a ameaçar o protagomismo da Procissão da Graça.
Se o Liberalismo levou a Procissão ao Chiado, a Republica impediu-a de sair à rua durante muitos anos e, quando o pôde voltar a fazer, no final dos anos 30, contornava apenas o adro da Capela, alargando-se nos anos 40 pela Rua do Desterro e de São Lazaro, e Largo da Escola Municipal, onde passou a fazer-se o encontro do Senhor com a imagem de Nossa Senhora, então adquirida à Irmandade da Graça.
Interrompida a partir de 74 foi recuperada alguns anos maios tarde no interior do templo, e ultimanente retomou o trageto pelo Paço da Rainha e pela Rua de S. Lazaro, mas o encontro passou para junto do Hospital do Desterro.

1 comentário:

  1. Parece-me que esta foto é minha.... :-) Parabéns pelo blog! Alexandre Roque

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