Meditação da Paixão de Jesus Cristo

Ó paciência de meu Senhor! Como é possível que uma resposta tão sensata mereça uma afronta tão grande na presença de tanta gente e do próprio pontífice que, em vez de repreender aquele insolente, antes o aplaude com seu silêncio? Ah, meu Jesus, vós sofrestes tudo para pagar as afrontas que eu, temerário, vos fiz. Ó meu amor, eu vos agradeço. Eterno Pai, perdoai-me pelos merecimentos de Jesus. Meu Redentor, eu vos amo mais do que a mim mesmo. Em seguida o iníquo pontífice o interrogou se ele era em verdade o Filho de Deus. Jesus, por respeito ao nome de Deus, que tinha sido invocado, respondeu que sim. Caifás rasgou então suas vestes, afirmando ter Jesus blasfemado. E todos gritaram que ele era digno de morte! (Mt 26,66). Sim, meu Salvador, sois de facto réu de morte, pois que vos obrigastes a satisfazer por mim, que sou em verdade réu de morte eterna. Visto, porém, que com a vossa morte me adquiristes a vida, é justo que eu consagre a vós toda a minha vida. Eu vos amo e nada mais desejo senão amar-vos.

S.Boaventura - Mediatações da Paixão de Jesus Cristo, cap.III