quarta-feira, 15 de setembro de 2010























Stabat Mater



Estava a Mãe dolorosa
Junto da Cruz, lacrimosa,
Da qual pendia o seu Filho.

Banhada em pranto amoroso,
Neste transe doloroso,
A dor lhe rasgava o peito.

ó quão triste e quão aflita
Se encontrava a Mãe bendita,
Chorando o seu Unigénito.

Estava triste e sofria
Ë porque ela mesma via
As dores do Filho amado.

Quem não chora, vendo isto,
Contemplando a Mãe do Cristo
Em tão grande sofrimento?

Quem não se contristaria
Vendo a Mãe de Deus, Maria,
Padecendo com seu Filho?

Por culpa de sua gente
Viu a Jesus inocente
Cruelmente flagelado.

Viu seu Pilho muito amado,
Que morria abandonado
Entregando o Seu espírito.

Dá-me, ó Mãe, fonte de amor,
Que eu sinta a força da dor,
Para que eu chore contigo.

Faze arder meu coração
Do Cristo Deus na paixão,
Para que eu sofra com Ele.

Minha Mãe, ó dá-me isto:
Trazer as chagas do Cristo
Gravadas no coração.

Do teu Filho as feridas,
Para meu perdão sofridas,
Vem reparti-las comigo.

Quero contigo chorar
E a cruz compartilhar,
Por toda a minha vida.

Junto à Cruz contigo estar,
Ao teu pranto me associar,
Desejo de coração.

Virgem das virgens, preclara
Não me negues, Mãe tão cara,
Poder contigo chorar.

Que eu viva de Cristo a morte,
Da Paixão seja seu consorte,
Celebrando suas chagas.

Que meu coração magoado,
Pela Cruz apaixonado,
Seja em Seu Sangue remido

Por Maria amparado
Que eu não seja condenado
No dia de minha morte
ó Cristo, que eu tenha a sorte,
No dia de minha morte
Ser levado por Maria.

E no dia em que eu morrer,
Faze com que eu possa ter
A glória do Paraíso.

Amém.

A Mãe de Cristo estava junto à cruz



Dos Sermões de São Bernardo, abade

(Sermo in dom. infra oct. Assumptionis, 14-15:
Opera omnia, ed. Cisterc. 5 [1968], 273-274) (Sec. XII)



O martírio da Virgem é recordado tanto na profecia de Simeão como na história da paixão do Senhor. Diz o santo ancião acerca do Menino Jesus: Este foi predestinado para ser sinal de contradição; e, referindo se a Maria, acrescenta: E uma espada trespassará a tua alma.
Na verdade, ó santa Mãe, uma espada trespassou a vossa alma. Porque nunca ela podia atingir a carne do Filho sem atravessar a alma da Mãe. Depois que aquele Jesus – que é de todos, mas especialmente vosso – expirou, a cruel lança que Lhe abriu o lado, sem respeitar sequer um morto a quem já não podia causar dor alguma, não feriu a sua alma mas atravessou a vossa. A alma de Jesus já não estava ali, mas a vossa não podia ser arrancada daquele lugar. Por isso a violência da dor trespassou a vossa alma, e assim, com razão Vos proclamamos mais que mártir, porque os vossos sentimentos de compaixão superaram os sofrimentos corporais do martírio.
Não foi, porventura, para Vós mais que uma espada aquela palavra que verdadeiramente trespassa a alma e penetra até à divisão da alma e do espírito: Mulher, eis o teu Filho? Oh que permuta! Entregam Vos João em vez de Jesus, o servo em vez do Senhor, o discípulo em vez do Mestre, o filho de Zebedeu em vez do Filho de Deus, um simples homem em vez do verdadeiro Deus. Como não havia de ser trespassada a vossa afectuosíssima alma ao ouvirdes estas palavras, quando a sua simples lembrança despedaça o nosso coração, apesar de ser tão duro como a pedra e o ferro?
Não vos admireis, irmãos, de que Maria seja chamada mártir na sua alma. Admire se quem não se recorda de ter ouvido Paulo mencionar entre as maiores culpas dos pagãos o facto de não terem afecto. Como isso estava longe do coração de Maria! Longe esteja também dos seus servos.
Mas talvez alguém possa dizer: «Porventura não sabia Ela que Jesus havia de morrer?». Sem dúvida. Não esperava Ela que Jesus havia de ressuscitar?». Com toda a certeza. «E apesar disso sofreu tanto ao vê l’O crucificado?». Sim, com terrível veemência. Afinal, que espécie de homem és tu, irmão, e que estranha sabedoria é a tua, se te surpreende mais a compaixão de Maria do que a paixão do Filho de Maria? Ele pôde morrer corporalmente e Ela não pôde morrer com Ele em seu coração? A morte de Jesus foi por amor, aquele amor que nenhum homem pode superar; o martírio de Maria teve a sua origem também no amor, ao qual depois do de Cristo, nenhum outro amor se pode comparar.

terça-feira, 14 de setembro de 2010


Na árvore da cruz estabelecestes a salvação da humanidade,
para que donde viera a morte daí ressurgisse a vida
e aquele que vencera na árvore do paraíso
fosse vencido na árvore da cruz,
por Cristo nosso Senhor.


(prefácio da Exaltação da Santa Cruz)

A cruz é a glória e a exaltação de Cristo



Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo
(Sermão 10, na Exaltação da Santa Cruz:

PG 97, 1018-1019.1022-1023) (Sec. VIII)



Celebramos a festa da santa cruz, que dissipou as trevas e nos restituiu a luz. Celebramos a festa da santa cruz, e juntamente com o Crucificado somos elevados para o alto, para que, deixando a terra do pecado, alcancemos os bens celestes. Tão grande é o valor da cruz, que quem a possui, possui um tesouro. E chamo a justamente tesouro, porque é na verdade, de nome e de facto, o mais precioso de todos os bens. Nela está a plenitude da nossa salvação e por ela regressamos à dignidade original.
Com efeito, sem a cruz, Cristo não teria sido crucificado. Sem a cruz, a Vida não teria sido cravada no madeiro. E se a Vida não tivesse sido crucificada, não teriam brotado do seu lado aquelas fontes de imortalidade, o sangue e a água, que purificam o mundo; não teria sido rasgada a sentença de condenação escrita pelo nosso pecado, não teríamos alcançado a liberdade, não poderíamos saborear o fruto da árvore da vida, não estaria aberto para nós o Paraíso. Sem a cruz, não teria sido vencida a morte, nem espoliado o inferno.
Verdadeiramente grande e preciosa realidade é a santa cruz! Grande, porque é a origem de bens inumeráveis, tanto mais excelentes quanto maior é o mérito que lhes advém dos milagres e dos sofrimentos de Cristo. Preciosa, porque a cruz é simultaneamente o patíbulo e o troféu de Deus: o patíbulo, porque nela sofreu a morte voluntariamente; e o troféu, porque nela foi mortalmente ferido o demónio, e com ele foi vencida a morte. E deste modo, destruídas as portas do inferno, a cruz converteu se em fonte de salvação para todo o mundo.
A cruz é a glória de Cristo e a exaltação de Cristo. A cruz é o cálice precioso da paixão de Cristo, é a síntese de tudo quanto Ele sofreu por nós. Para te convenceres de que a cruz é a glória de Cristo, ouve o que Ele mesmo diz: Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele e em breve O glorificará. E também: Glorifica me, ó Pai, com a glória que tinha junto de Ti, antes de o mundo existir. E noutra passagem: Pai, glorifica o teu nome. Veio então uma voz do Céu: ‘Eu O glorifiquei e de novo O glorificarei’.
E para saberes que a cruz é também a exaltação de Cristo, escuta o que Ele próprio diz: Quando Eu for exaltado, então atrairei todos a Mim. Como vês, a cruz é a glória e a exaltação de Cristo.



domingo, 12 de setembro de 2010

De regresso das Férias...

Durantes estes últimos meses, pode-se dizer que o nosso blog SEMANAS SANTAS esteve de férias. Mas agora um novo ano de trabalho começa a iniciar-se, durante este tempo de férias ficou registada a visita ao Museu da Semana Santa de Zamora, o que para nós foi uma grande alegria ter visitado esta cidade e este museu.
Dejamos algumas imagens dessa visita.