quarta-feira, 31 de março de 2010
OS PASSOS EM MAÇÃO
Mais um ano em que muitos maçanicos e vizinhos das redondezas encaminham os seus Passos até à tradicional Procissão dos Passos em Mação. Imagens de Sábado à noite e de hoje à tarde.
Milhares de fiéis acolheram a Primeiras celebrações da Semana Santa de Óbidos
Celebrando a Paixão e a Morte de Cristo, a Semana Santa de Óbidos, que este ano se realiza entre 28 de Março e 4 de Abril, é sem dúvida, um dos melhores cartazes da vila de Óbidos.
Considerado o momento alto do programa religioso, o Domingo de Ramos comemora a entrada do Senhor em Jerusalém. Foi no passado domingo que decorreram as primeiras cerimónias da Semana Santa de Óbidos, presididas por D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro. Com início na Igreja de São João Baptista, junto à Porta da Vila, procedeu-se à bênção dos ramos, posteriormente distribuídos à população. No decorrer da Procissão, os fiéis percorreram as ruas da vila, cobertas de ramos de oliveira, alecrim e rosmaninho, e engalanadas de colchas vermelhas nas janelas, terminando na Igreja de Santa Maria, acolhendo a Missa de Ramos na Paixão do Senhor.
De seguida, milhares de pessoas participaram na Procissão dos Passo, que retrata a caminhada de Jesus até ao Calvário, local onde foi sacrificado e onde deu a vida pelos homens. Esta procissão percorreu sobre um tapete florido e aromático, dentro e fora das muralhas do Castelo de Óbidos, parando junto dos oratórios dos Passos da Paixão, com destino à Igreja da Misericórdia.
A figura o “gafaú” transportou nas suas mãos um “serpentão”, simbolizando o anúncio à multidão da aproximação do condenado, abrindo assim o cortejo. Neste evento religioso, pela primeira vez, as imagens de Maria e seu Filho encontraram-se em frente à Igreja de Santiago, transformando o momento marcante num acto emotivo, dando o nome à cerimónia de “Procissão do Encontro”.
O Coro Alma Nova ajudou na realização das celebrações através dos seus cânticos litúrgicos relacionados com a temática. A Procissão dos Passos contou com a presença das Bandas Filarmónicas de Óbidos e Gaeiras.
Considerado o momento alto do programa religioso, o Domingo de Ramos comemora a entrada do Senhor em Jerusalém. Foi no passado domingo que decorreram as primeiras cerimónias da Semana Santa de Óbidos, presididas por D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro. Com início na Igreja de São João Baptista, junto à Porta da Vila, procedeu-se à bênção dos ramos, posteriormente distribuídos à população. No decorrer da Procissão, os fiéis percorreram as ruas da vila, cobertas de ramos de oliveira, alecrim e rosmaninho, e engalanadas de colchas vermelhas nas janelas, terminando na Igreja de Santa Maria, acolhendo a Missa de Ramos na Paixão do Senhor.
De seguida, milhares de pessoas participaram na Procissão dos Passo, que retrata a caminhada de Jesus até ao Calvário, local onde foi sacrificado e onde deu a vida pelos homens. Esta procissão percorreu sobre um tapete florido e aromático, dentro e fora das muralhas do Castelo de Óbidos, parando junto dos oratórios dos Passos da Paixão, com destino à Igreja da Misericórdia.
A figura o “gafaú” transportou nas suas mãos um “serpentão”, simbolizando o anúncio à multidão da aproximação do condenado, abrindo assim o cortejo. Neste evento religioso, pela primeira vez, as imagens de Maria e seu Filho encontraram-se em frente à Igreja de Santiago, transformando o momento marcante num acto emotivo, dando o nome à cerimónia de “Procissão do Encontro”.
O Coro Alma Nova ajudou na realização das celebrações através dos seus cânticos litúrgicos relacionados com a temática. A Procissão dos Passos contou com a presença das Bandas Filarmónicas de Óbidos e Gaeiras.
Semana maior nas ruas medievais de Óbidos
Numa teia de ruas estreitas por entre o branco casario barrado a azul sulfato, amarelo ocre e "sangue de boi", pincelado de flores nos muros, bermas e janelas, a belíssima vila medieval de Óbidos revive, todos os anos, intensamente, na Semana Santa, a sua tradição histórico-religiosa.
Senhora de uma história antiga, dote das rainhas de Portugal entre os séculos XIII e XVIII, Óbidos, "Vila de Rainhas", soube desenvolver-se preservando a sua história através dos tempos, como é bem patente nas palavras de Ramalho Ortigão: "Restabeleçam sobre os alicerces que ainda existem alguns dos velhos edifícios arrasados pelo terramoto de 1755; suprimam não mais de uma dúzia de construções deste século; dêem ao que fica a ligeira restauração cenográfica de alguns detalhes arquitectónicos; e, sem tocarem na disposição geral das ruas e no agrupamento das casas, aqui têm Óbidos, fielmente e integralmente ressuscitado, um velho burgo português de há trezentos anos".
A Semana Santa é o ponto alto do calendário religioso e cultural na Vila de Óbidos. Um acontecimento religioso importante para comunidade local assim como para os vários milhares de peregrinos e turistas, que assistem às imponentes cerimónias.
Na Sexta-feira Santa vive-se a Procissão do Enterro, realizada sem qualquer iluminação, a não ser os archotes que ardem nas mãos de jovens que se colocam em pontos-chave do percurso processional. Esta cerimónia, não estando determinada pelas rubricas do Missal Romano, estabeleceu-se em Portugal pela devoção dos fiéis no século XV e princípios do século XVI. Como manifestação cultural, é considerada o ponto alto das solenidades.
A abrir o cortejo, a personagem do "gafaú", que representava o carrasco, com a cabeça coberta com um pano e transportando nas mãos um "serpentão" (um trombone de varas em forma de serpente), anunciava à multidão a aproximação do condenado. As imagens de Maria e do seu Filho encontraram-se em frente à Igreja de São Tiago, num momento de fortíssima emoção.
“Óbidos continua a ser palco de celebrações de acontecimentos de índole historico-religiosa. Evocando a Paixão e a morte de Cristo, a Semana Santa, que este ano se realiza entre 28 de Março a 4 de Abril, atrai à Vila de Óbidos muitas pessoas, unidas pela devoção ou, simplesmente, por curiosidade cultural e turismo religioso”, refere o site oficial do Município.
Programa Religioso e Cultural
31 de Março Quarta-feira
21h00 – Recital: “Grandes Mestres da Música Sacra”. Peças de Haydn, Rossini, Saint-Saens, Pergolesi, Mozart. Sofia de Castro (Soprano), Inês Medeiros Khan (mezzo-soprano), Paulo Carrilho (tenor),Rui Baeta (baixo), Lilian Kopke (piano). Igreja de Santa Maria
1 de Abril Quinta-feira
21h00 - Missa Vespertina da Ceia do Senhor. Igreja de São Pedro
2 de Abril Sexta-feira Santa
10h00 - Ofício de Leituras e Laudes. Igreja de São Pedro
15h00 - Celebração da Paixão do Senhor
17h30 - Inauguração da Exposição: “Por Inspiração”. Exposição de Arte Cerâmica. Galeria da Casa do Pelourinho
19h00 - Via Sacra. Cerca do Castelo
21h30 - Procissão do Enterro do Senhor
3 de Abril Sábado Santo
10h00 - Ofício de Leituras e Laudes. Igreja de São Pedro
18h00 - e Concerto Coral Sinfónico: “Stabat Mater”de Dvorák. Orquestra Filarmonia das Beiras e Coro Regina Coeli. Santuário do Senhor Jesus da Pedra
22h00 - Vigília Pascal. Igreja de São Pedro
4 de Abril Domingo de Páscoa
17h00 Missa da Ressurreição. Igreja de São Pedro
Senhora de uma história antiga, dote das rainhas de Portugal entre os séculos XIII e XVIII, Óbidos, "Vila de Rainhas", soube desenvolver-se preservando a sua história através dos tempos, como é bem patente nas palavras de Ramalho Ortigão: "Restabeleçam sobre os alicerces que ainda existem alguns dos velhos edifícios arrasados pelo terramoto de 1755; suprimam não mais de uma dúzia de construções deste século; dêem ao que fica a ligeira restauração cenográfica de alguns detalhes arquitectónicos; e, sem tocarem na disposição geral das ruas e no agrupamento das casas, aqui têm Óbidos, fielmente e integralmente ressuscitado, um velho burgo português de há trezentos anos".
A Semana Santa é o ponto alto do calendário religioso e cultural na Vila de Óbidos. Um acontecimento religioso importante para comunidade local assim como para os vários milhares de peregrinos e turistas, que assistem às imponentes cerimónias.
Na Sexta-feira Santa vive-se a Procissão do Enterro, realizada sem qualquer iluminação, a não ser os archotes que ardem nas mãos de jovens que se colocam em pontos-chave do percurso processional. Esta cerimónia, não estando determinada pelas rubricas do Missal Romano, estabeleceu-se em Portugal pela devoção dos fiéis no século XV e princípios do século XVI. Como manifestação cultural, é considerada o ponto alto das solenidades.
A abrir o cortejo, a personagem do "gafaú", que representava o carrasco, com a cabeça coberta com um pano e transportando nas mãos um "serpentão" (um trombone de varas em forma de serpente), anunciava à multidão a aproximação do condenado. As imagens de Maria e do seu Filho encontraram-se em frente à Igreja de São Tiago, num momento de fortíssima emoção.
“Óbidos continua a ser palco de celebrações de acontecimentos de índole historico-religiosa. Evocando a Paixão e a morte de Cristo, a Semana Santa, que este ano se realiza entre 28 de Março a 4 de Abril, atrai à Vila de Óbidos muitas pessoas, unidas pela devoção ou, simplesmente, por curiosidade cultural e turismo religioso”, refere o site oficial do Município.
Programa Religioso e Cultural
31 de Março Quarta-feira
21h00 – Recital: “Grandes Mestres da Música Sacra”. Peças de Haydn, Rossini, Saint-Saens, Pergolesi, Mozart. Sofia de Castro (Soprano), Inês Medeiros Khan (mezzo-soprano), Paulo Carrilho (tenor),Rui Baeta (baixo), Lilian Kopke (piano). Igreja de Santa Maria
1 de Abril Quinta-feira
21h00 - Missa Vespertina da Ceia do Senhor. Igreja de São Pedro
2 de Abril Sexta-feira Santa
10h00 - Ofício de Leituras e Laudes. Igreja de São Pedro
15h00 - Celebração da Paixão do Senhor
17h30 - Inauguração da Exposição: “Por Inspiração”. Exposição de Arte Cerâmica. Galeria da Casa do Pelourinho
19h00 - Via Sacra. Cerca do Castelo
21h30 - Procissão do Enterro do Senhor
3 de Abril Sábado Santo
10h00 - Ofício de Leituras e Laudes. Igreja de São Pedro
18h00 - e Concerto Coral Sinfónico: “Stabat Mater”de Dvorák. Orquestra Filarmonia das Beiras e Coro Regina Coeli. Santuário do Senhor Jesus da Pedra
22h00 - Vigília Pascal. Igreja de São Pedro
4 de Abril Domingo de Páscoa
17h00 Missa da Ressurreição. Igreja de São Pedro
Entre-os-Rios: milhares de velas iluminam as endoenças
Muitos milhares de velas iluminarão a localidade de Torrão (Marco de Canaveses) e as três pontes de Entre-os-Rios durante a Procissão das Endoenças que se realiza na Quinta-Feira Santa.
A Procissão das Endoenças realiza-se há pelo menos 300 anos, ligando as duas margens do troço final do Tâmega (confluência com o Douro), entre Torrão e a parte alta de Entre-os-Rios, num percurso que inclui a Ponte Duarte Pacheco.
Depois da eucaristia da Ceia do Senhor (Quinta-feira Santa) há um sermão a que se segue a procissão. No percurso, as pessoas colocam velas acesas nas margens daqueles rios, peitoris das janelas, fachadas, varandas e nas ruas medievais de Entre-os-Rios.
50 mil velas iluminam as localidades e barcos de fogo vão fazer o acompanhamento da Procissão pelo Rio.
Os "barquinhos de fogo" realizam uma coreografia na confluência do Tâmega e do Douro. Outrora eram barcos rabelos mas, hoje, estes deram lugar às embarcações usadas por pescadores do sável.
A Procissão das Endoenças realiza-se há pelo menos 300 anos, ligando as duas margens do troço final do Tâmega (confluência com o Douro), entre Torrão e a parte alta de Entre-os-Rios, num percurso que inclui a Ponte Duarte Pacheco.
Depois da eucaristia da Ceia do Senhor (Quinta-feira Santa) há um sermão a que se segue a procissão. No percurso, as pessoas colocam velas acesas nas margens daqueles rios, peitoris das janelas, fachadas, varandas e nas ruas medievais de Entre-os-Rios.
50 mil velas iluminam as localidades e barcos de fogo vão fazer o acompanhamento da Procissão pelo Rio.
Os "barquinhos de fogo" realizam uma coreografia na confluência do Tâmega e do Douro. Outrora eram barcos rabelos mas, hoje, estes deram lugar às embarcações usadas por pescadores do sável.
A Paixão de Cristo na poesia
Autores portugueses encontraram inspiração nos passos dolorosos da vida de Jesus. A sinfonia das suas palavras transporta-nos para o mistério da cruz
Na história da poesia portuguesa são muitos os autores que calcorreiam com o leitor os passos dolorosos da vida de Jesus. A sinfonia das suas palavras transporta-nos para o mistério da cruz. A inspiração de vários poetas mostra o olhar sofredor da Mãe que segura e chora o seu Filho:
«Vejo-te ainda, Mãe, de olhar parado,
Da Pedra e da tristeza, no teu canto,
Comigo ao colo, morto e nu, gelado
Embrulhado nas dobras do teu mando» (Torga, Miguel)
«Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa…
E deixa-me sonhar a vida inteira» (Quental, Antero de)
«Oh Virgem de Nazaré,
Oh Mãe de Jesus
Lírio aberto aos pés da cruz,
Cujas pétalas de luz
Vertem lágrimas de fé» (Conde de Monsaraz, [Papança, António Macedo])
«Junto da cruz, que estremecia ao vê-la
Chorou, baixinho, a Mater Dolorosa:
E a terra, em volta, soluçou com ela» (Oliveira, António Correia de)
O Sinédrio decretara a Sua morte. Nestes passos dramáticos em direcção à humilhação, Jesus prepara-se para a doação total. Os doze esperam com ânsia uma palavra do Mestre.
«Levanta as mãos ao Céu vasto e piedoso
Vara-lhe o seio tenebroso espinho
Caem gotas, de sangue precioso,
De suor, nas violetas do caminho» (Leal, A. Gomes)
Mesmo de poetas descrentes, a beleza da sua linguagem expõe um sentimento religioso. Ao longo dos séculos, a Paixão e Morte de Cristo são fonte inspiradora da poesia. Luis de Camões – uma das almas lusitanas – tem elegias onde canta a Paixão do Filho do Homem.
«Aquele corpo tenro e delicado,
Sobre todos os santos sacrossanto,
De açoutes rigorosos flagelados» (Camões, Luís)
O poeta limiano, Diogo Bernardes considera-se culpado daquela morte. A luminosidade das suas palavras como que formalizam um pedido de desculpas. O lirismo religioso deste poeta do século XVI é marcado pela sinceridade.
«Eu vos crucifiquei, eu vos vendi,
Eu vos neguei mil vezes, que não três
Eu fui o que esse lado vos abri!» …
«Por eles (os meus pecados), meu senhor, te vejo estar
Crucificado nesse duro lenho» (Bernardes, Diogo)
Partindo das palavras do Evangelho de S. João (19, 1-3), o poeta da Arrábida ilustra a paixão de Jesus com a luminosidade de um místico. Frei Agostinho da Cruz assume a culpa do sofrimento e morte de Jesus.
«Eu fui, eu sou Senhor, o que vos pus
Nesse duro madeiro pendurado,
Donde morreis por mim, doce Jesus» (Cruz, Frei Agostinho)
Quando medita nas chagas de Cristo, Diogo Bernardes pede mesmo à sua alma que, por amor delas, se arrependa dos seus pecados e dê início a uma vida nova.
«Quando meus olhos nessas chagas ponho
E não me vejo em lágrimas banhado
Corrido fico, todo me envergonho» (Bernardes, Diogo)
José Régio aborda os últimos passos de Jesus num registo diferente. Lamenta ter nascido tarde, mas considera que Ele foi crucificado pelos homens.
«Por isso choro em mim a mágoa verdadeira
De ter nascido tarde, e só te vir achar,
Feito em marfim, metal, pedra madeira,
No cimo dum altar»
……
«O Cristo, ao alto, alonga os magros braços nus
Por sobre a escuridão do rancho desolado
Que segue, ao som da marcha, o seu Jesus
Por nós crucificado» (Régio, José)
Preso e atado à cruz, a multidão gritava: Crucifica, crucifica. A humilhação estava patente naquele rosto. André Dias explica a crueldade daquela morte. Este poeta dos séculos XIV e XV (1348-1437) coloca nas suas palavras a injustiça daquele tribunal.
«E todos bradavam com grande voz e alta:
- Crucifica! Crucifica este falso profeta
E morra sobre a cruz morte cruel e feia,
Que jamais não engane toda a nossa gente» (Dias, André)
Depois de saber que tudo estava consumado, Jesus disse: «Tenho sede». Teve como bebida, o amargo vinagre.
«Mas tem sede o Rabi. Um, mais cruel,
uma esponja, em caniço pontiagudo,
toda em fel ensopou. – Ora, este fel
amarga mais o mestre do que tudo» (Leal, A. Gomes)
Do alto da cruz, os seus olhos sem brilho contemplavam Jerusalém. Após ter tomado o vinagre, Jesus exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça, rendeu o Espírito.
«Filhos de Cristo, consumou-se agora
O horrendo crime de Israel, na cruz.
Trémula se abre a terra; o sol descora
A igreja chora, - que morreu Jesus» (Ribeiro, Tomás)
A noite ia tombando de hora a hora cheia de assombro e cósmica tristeza. Esta morte foi vida. Foi um rasgão no tempo.
«Tu morreste por nós na cruz da afronta
E o sangue derradeiro
Derramaste do alto do madeiro,
Jesus, filho de Deus, Deus Verdadeiro
Aos crimes do homem não lançaste a conta
Inocente cordeiro
Quando foste no alto do madeiro
Lavar com sangue o último e o primeiro» (Garret, Almeida.)
Com a morte e ressurreição, a lanterna da vida brilha e alimenta a árvore frondosa do cristianismo.
«Meu Deus, aqui me tens aflito e retirado
Como quem deixa à porta o saco para o pão.
Enche-o do que quiseres. Estou firme e preparado.
O que for, assim seja, à tua mão
Tua vontade se faça, a minha não» (Nemésio, Vitorino)
Na história da poesia portuguesa são muitos os autores que calcorreiam com o leitor os passos dolorosos da vida de Jesus. A sinfonia das suas palavras transporta-nos para o mistério da cruz. A inspiração de vários poetas mostra o olhar sofredor da Mãe que segura e chora o seu Filho:
«Vejo-te ainda, Mãe, de olhar parado,
Da Pedra e da tristeza, no teu canto,
Comigo ao colo, morto e nu, gelado
Embrulhado nas dobras do teu mando» (Torga, Miguel)
«Ó visão, visão triste e piedosa!
Fita-me assim calada, assim chorosa…
E deixa-me sonhar a vida inteira» (Quental, Antero de)
«Oh Virgem de Nazaré,
Oh Mãe de Jesus
Lírio aberto aos pés da cruz,
Cujas pétalas de luz
Vertem lágrimas de fé» (Conde de Monsaraz, [Papança, António Macedo])
«Junto da cruz, que estremecia ao vê-la
Chorou, baixinho, a Mater Dolorosa:
E a terra, em volta, soluçou com ela» (Oliveira, António Correia de)
O Sinédrio decretara a Sua morte. Nestes passos dramáticos em direcção à humilhação, Jesus prepara-se para a doação total. Os doze esperam com ânsia uma palavra do Mestre.
«Levanta as mãos ao Céu vasto e piedoso
Vara-lhe o seio tenebroso espinho
Caem gotas, de sangue precioso,
De suor, nas violetas do caminho» (Leal, A. Gomes)
Mesmo de poetas descrentes, a beleza da sua linguagem expõe um sentimento religioso. Ao longo dos séculos, a Paixão e Morte de Cristo são fonte inspiradora da poesia. Luis de Camões – uma das almas lusitanas – tem elegias onde canta a Paixão do Filho do Homem.
«Aquele corpo tenro e delicado,
Sobre todos os santos sacrossanto,
De açoutes rigorosos flagelados» (Camões, Luís)
O poeta limiano, Diogo Bernardes considera-se culpado daquela morte. A luminosidade das suas palavras como que formalizam um pedido de desculpas. O lirismo religioso deste poeta do século XVI é marcado pela sinceridade.
«Eu vos crucifiquei, eu vos vendi,
Eu vos neguei mil vezes, que não três
Eu fui o que esse lado vos abri!» …
«Por eles (os meus pecados), meu senhor, te vejo estar
Crucificado nesse duro lenho» (Bernardes, Diogo)
Partindo das palavras do Evangelho de S. João (19, 1-3), o poeta da Arrábida ilustra a paixão de Jesus com a luminosidade de um místico. Frei Agostinho da Cruz assume a culpa do sofrimento e morte de Jesus.
«Eu fui, eu sou Senhor, o que vos pus
Nesse duro madeiro pendurado,
Donde morreis por mim, doce Jesus» (Cruz, Frei Agostinho)
Quando medita nas chagas de Cristo, Diogo Bernardes pede mesmo à sua alma que, por amor delas, se arrependa dos seus pecados e dê início a uma vida nova.
«Quando meus olhos nessas chagas ponho
E não me vejo em lágrimas banhado
Corrido fico, todo me envergonho» (Bernardes, Diogo)
José Régio aborda os últimos passos de Jesus num registo diferente. Lamenta ter nascido tarde, mas considera que Ele foi crucificado pelos homens.
«Por isso choro em mim a mágoa verdadeira
De ter nascido tarde, e só te vir achar,
Feito em marfim, metal, pedra madeira,
No cimo dum altar»
……
«O Cristo, ao alto, alonga os magros braços nus
Por sobre a escuridão do rancho desolado
Que segue, ao som da marcha, o seu Jesus
Por nós crucificado» (Régio, José)
Preso e atado à cruz, a multidão gritava: Crucifica, crucifica. A humilhação estava patente naquele rosto. André Dias explica a crueldade daquela morte. Este poeta dos séculos XIV e XV (1348-1437) coloca nas suas palavras a injustiça daquele tribunal.
«E todos bradavam com grande voz e alta:
- Crucifica! Crucifica este falso profeta
E morra sobre a cruz morte cruel e feia,
Que jamais não engane toda a nossa gente» (Dias, André)
Depois de saber que tudo estava consumado, Jesus disse: «Tenho sede». Teve como bebida, o amargo vinagre.
«Mas tem sede o Rabi. Um, mais cruel,
uma esponja, em caniço pontiagudo,
toda em fel ensopou. – Ora, este fel
amarga mais o mestre do que tudo» (Leal, A. Gomes)
Do alto da cruz, os seus olhos sem brilho contemplavam Jerusalém. Após ter tomado o vinagre, Jesus exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça, rendeu o Espírito.
«Filhos de Cristo, consumou-se agora
O horrendo crime de Israel, na cruz.
Trémula se abre a terra; o sol descora
A igreja chora, - que morreu Jesus» (Ribeiro, Tomás)
A noite ia tombando de hora a hora cheia de assombro e cósmica tristeza. Esta morte foi vida. Foi um rasgão no tempo.
«Tu morreste por nós na cruz da afronta
E o sangue derradeiro
Derramaste do alto do madeiro,
Jesus, filho de Deus, Deus Verdadeiro
Aos crimes do homem não lançaste a conta
Inocente cordeiro
Quando foste no alto do madeiro
Lavar com sangue o último e o primeiro» (Garret, Almeida.)
Com a morte e ressurreição, a lanterna da vida brilha e alimenta a árvore frondosa do cristianismo.
«Meu Deus, aqui me tens aflito e retirado
Como quem deixa à porta o saco para o pão.
Enche-o do que quiseres. Estou firme e preparado.
O que for, assim seja, à tua mão
Tua vontade se faça, a minha não» (Nemésio, Vitorino)
Blogue ajuda a divulgar tradições da Semana Santa
Iniciativa destaca celebrações como manifestações de religiosidade popular e herança cultural
“Uma paixão pela Paixão”. É assim que se apresenta o blogue “Semanas Santas” (http://semanassantas.blogspot.com), com o qual se procura tradições quaresmais “que fazem parte da nossa herança cultural”, refere à Agência ECCLESIA Rui Cantarilho.
“Sem grandes objectivos iniciais, criei um blogue, onde nos tempos livres fui colocando aquilo que ia encontrando disperso na Internet ou noutros lugares. E assim surgiu um espaço onde pude publicar vídeos, fotos, pequenos textos de publicidade, textos de reflexão, histórias, tendo como inspiração alguns blogues e sites de confrarias de Espanha”, refere.
O “Semanas Santas” dirige-se, antes de mais, a “todo aquele que é apaixonado ou se deixa apaixonar pela Paixão do Senhor e procura vivê-la com fé e como expressão da sua identidade religiosa e cultural”.
Para Rui Cantarilho, natural da Paróquia de São Miguel, Concelho de Alenquer, “estas tradições, ao contrário do que se pensa, estão muito vivas, diria mesmo, estão a ser redescobertas cada vez mais, percebidas na sua verdadeira dimensão espiritual e procurando-se reforçar a sua dignidade e a sua beleza”.
Quanto ao blogue, que “começou por ser uma quase brincadeira”, tem sido “um instrumento de divulgação deste importante património espiritual e cultural. E têm sido muitos os comentários a elogiar e a encorajar este trabalho”.
Terminada a Quaresma, será tempo de apresentar o que foi acontecendo na Semana Santa de 2010. Posteriormente, tal como no ano passado, “será importante divulgar as Festas Pascais, que na nossa tradição não se separam das celebrações quaresmais: temos as Procissões de Ressurreição, as Visitas Pascais, as festas que envolvem os mistérios da Paixão, como o Santo Cristo dos Milagres, e por fim as Festas do Espírito Santo…”, conclui Rui Cantarilho.
“Uma paixão pela Paixão”. É assim que se apresenta o blogue “Semanas Santas” (http://semanassantas.blogspot.com), com o qual se procura tradições quaresmais “que fazem parte da nossa herança cultural”, refere à Agência ECCLESIA Rui Cantarilho.
“Sem grandes objectivos iniciais, criei um blogue, onde nos tempos livres fui colocando aquilo que ia encontrando disperso na Internet ou noutros lugares. E assim surgiu um espaço onde pude publicar vídeos, fotos, pequenos textos de publicidade, textos de reflexão, histórias, tendo como inspiração alguns blogues e sites de confrarias de Espanha”, refere.
O “Semanas Santas” dirige-se, antes de mais, a “todo aquele que é apaixonado ou se deixa apaixonar pela Paixão do Senhor e procura vivê-la com fé e como expressão da sua identidade religiosa e cultural”.
Para Rui Cantarilho, natural da Paróquia de São Miguel, Concelho de Alenquer, “estas tradições, ao contrário do que se pensa, estão muito vivas, diria mesmo, estão a ser redescobertas cada vez mais, percebidas na sua verdadeira dimensão espiritual e procurando-se reforçar a sua dignidade e a sua beleza”.
Quanto ao blogue, que “começou por ser uma quase brincadeira”, tem sido “um instrumento de divulgação deste importante património espiritual e cultural. E têm sido muitos os comentários a elogiar e a encorajar este trabalho”.
Terminada a Quaresma, será tempo de apresentar o que foi acontecendo na Semana Santa de 2010. Posteriormente, tal como no ano passado, “será importante divulgar as Festas Pascais, que na nossa tradição não se separam das celebrações quaresmais: temos as Procissões de Ressurreição, as Visitas Pascais, as festas que envolvem os mistérios da Paixão, como o Santo Cristo dos Milagres, e por fim as Festas do Espírito Santo…”, conclui Rui Cantarilho.
terça-feira, 30 de março de 2010
segunda-feira, 29 de março de 2010
As Procissões do Triunfo
Mais tardias do que as Procissões dos Passos, surgiram no século XVII por iniciativa da Ordem Terceira Carmo, procissões que se fixaram também em terras de Além-mar, sobretudo no Brasil, mas também nos E.U.A. aí celebradas pela comunidade Açoriana. A Procissão do Triunfo saía, e sai ainda em alguns lugares, como em Tavira, em Domingo de Ramos, apresentando nove andores com diversas Imagens da Paixão de Cristo, introduzindo os fiéis na Semana Santa com uma vivência intensa do Mistério Pascal.
Procissão do Triunfo de Tavira
Existem registos que dão conta que esta manifestação religiosa já se organizava, no ano de 1789, pela Ordem Carmelita da cidade de Tavira. Em Portugal, as procissões no Domingo de Ramos eram da responsabilidade dos irmãos carmelitas.
A Procissão do Triunfo decorrerá, no dia 28 de Março, no Domingo de Ramos, pelas 16 horas, com saída da Igreja do Carmo.
Procissão do Triunfo da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas em São José, Califórnia
A Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas é o coração e a alma da comunidade portuguesa no Vale de Santa Clara. A paróquia das Cinco Chagas foi dedicada por Padre Henrique Ribeiro no dia 8 de Novembro de 1914.Procissão do Triunfo da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas em São José, Califórnia
A Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas é o coração e a alma da comunidade portuguesa no Vale de Santa Clara. A paróquia das Cinco Chagas foi dedicada por Padre Henrique Ribeiro no dia 8 de Novembro de 1914.Procissão do Triunfo da Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas em São José, Califórnia
A Igreja Nacional Portuguesa das Cinco Chagas é o coração e a alma da comunidade portuguesa no Vale de Santa Clara. A paróquia das Cinco Chagas foi dedicada por Padre Henrique Ribeiro no dia 8 de Novembro de 1914.
http://www.facebook.com/video/video.php?v=371312043363&ref=mfhttp://www.facebook.com/video/video.php?v=371312043363&ref=mf
sábado, 27 de março de 2010
Procissão do Enterro do Senhor em Castelo Branco
Dia 2 de Abril – 21H30 – (6.ª Feira Santa)
Tem início na Igreja da Graça, seguindo pela Rua Bartolomeu da Costa, Rua dos Ferreiros, Praça Camões, Rua Santa Maria, Largo do Espírito Santo, Rua do Espírito Santo, Rua João Carlos Abrunhosa, Rua S. Sebastião, Rua das Olarias, Rua Bartolomeu da Costa, terminando na Igreja da Graça – Misericórdia
Tem início na Igreja da Graça, seguindo pela Rua Bartolomeu da Costa, Rua dos Ferreiros, Praça Camões, Rua Santa Maria, Largo do Espírito Santo, Rua do Espírito Santo, Rua João Carlos Abrunhosa, Rua S. Sebastião, Rua das Olarias, Rua Bartolomeu da Costa, terminando na Igreja da Graça – Misericórdia
sexta-feira, 26 de março de 2010
Solenidades da Semana Santa de Esposende
A Câmara Municipal de Esposende aprovou, na reunião do executivo realizada hoje, a atribuição de um subsídio no valor de 2500 euros para apoio à realização das Solenidades da Semana Santa, que irão decorrer em Esposende, de 26 de Março a 5 de Abril, numa organização conjunta da Santa Casa da Misericórdia de Esposende e da Confraria do Santíssimo Sacramento.
A Procissão do Encontro, que tem lugar na Quinta-feira Santa, e a Procissão do Enterro do Senhor, que acontece na Sexta-feira Santa constituem o auge destas Solenidades, um fenómeno de interesse cultural e turístico que ultrapassou o âmbito regional, sendo uma mais-valia cultural e, sobretudo, turística.
Como habitualmente, além da programação religiosa da responsabilidade da organização, a Câmara Municipal promove a realização de um programa cultural, que se desenvolve em paralelo com as cerimónias religiosas, tornando, desta forma, mais rico o programa.
Deste modo, no dia 26 de Março, às 21h30, o GATERC – Grupo Amador de Teatro – Esposende Rio Cávado, com o apoio da Autarquia, leva à cena, na Praça do Município, a representação do “Auto da Mui Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”, de Manuel Couto Viana, com encenação de Jorge Alonso” e que conta com a colaboração do Grupo Coral de Esposende.
Por sua vez, no dia 31 de Março, pelas 21h30, na Igreja Matriz de Esposende, terá lugar um Concerto pelo Grupo de Câmara de Esposende.
Gabinete de Relações Públicas da CME
A Procissão do Encontro, que tem lugar na Quinta-feira Santa, e a Procissão do Enterro do Senhor, que acontece na Sexta-feira Santa constituem o auge destas Solenidades, um fenómeno de interesse cultural e turístico que ultrapassou o âmbito regional, sendo uma mais-valia cultural e, sobretudo, turística.
Como habitualmente, além da programação religiosa da responsabilidade da organização, a Câmara Municipal promove a realização de um programa cultural, que se desenvolve em paralelo com as cerimónias religiosas, tornando, desta forma, mais rico o programa.
Deste modo, no dia 26 de Março, às 21h30, o GATERC – Grupo Amador de Teatro – Esposende Rio Cávado, com o apoio da Autarquia, leva à cena, na Praça do Município, a representação do “Auto da Mui Dolorosa Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo”, de Manuel Couto Viana, com encenação de Jorge Alonso” e que conta com a colaboração do Grupo Coral de Esposende.
Por sua vez, no dia 31 de Março, pelas 21h30, na Igreja Matriz de Esposende, terá lugar um Concerto pelo Grupo de Câmara de Esposende.
Gabinete de Relações Públicas da CME
quinta-feira, 25 de março de 2010
Óbidos celebra Semana Santa
Cumprindo já uma longa tradição, Óbidos volta a ser Palco das Celebrações da Sema Santa, com vários acontecimentos relacionados com a paixão e morte de Cristo, entre os dias 28 de Março e 2 de Abril.
Com início marcado para o próximo sábado dia 27, às 21h30, terá lugar a Procissão da Mudança das Imagens, uma cerimónia religiosa que levará o Nosso Senhor dos Passos e a Nossa Senhora da sua igreja de origem, percorrendo as ruas sob a luz de archotes, até à Igreja de Santa Maria e Igreja de Santiago, respectivamente.
No Domingo de Ramos, 28 de Março pelas 17h00, será realizada a Procissão do Senhor Jesus dos Passos que percorrerá as ruas da vila sobre um tapete florido, com destino à Igreja da Misericórdia.
Um dos últimos eventos realizados é a Procissão do Enterro do Senhor, uma celebração do caminho de Jesus para o Calvário, local onde foi crucificado e onde deu a vida pelos homens. Esta procissão percorrerá as ruas dentro e fora das muralhas de Óbidos.
Durante esta semana de celebrações Óbidos acolherá ainda vários eventos culturais com principal destaque para o Grande Concerto Coral Sinfónico Stabat Mater, de Dvorák, no dia 3 de Abril, às 22h00, no Santuário do Senhor Jesus da Pedra
Com início marcado para o próximo sábado dia 27, às 21h30, terá lugar a Procissão da Mudança das Imagens, uma cerimónia religiosa que levará o Nosso Senhor dos Passos e a Nossa Senhora da sua igreja de origem, percorrendo as ruas sob a luz de archotes, até à Igreja de Santa Maria e Igreja de Santiago, respectivamente.
No Domingo de Ramos, 28 de Março pelas 17h00, será realizada a Procissão do Senhor Jesus dos Passos que percorrerá as ruas da vila sobre um tapete florido, com destino à Igreja da Misericórdia.
Um dos últimos eventos realizados é a Procissão do Enterro do Senhor, uma celebração do caminho de Jesus para o Calvário, local onde foi crucificado e onde deu a vida pelos homens. Esta procissão percorrerá as ruas dentro e fora das muralhas de Óbidos.
Durante esta semana de celebrações Óbidos acolherá ainda vários eventos culturais com principal destaque para o Grande Concerto Coral Sinfónico Stabat Mater, de Dvorák, no dia 3 de Abril, às 22h00, no Santuário do Senhor Jesus da Pedra
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