sábado, 12 de março de 2011

AS CAPELAS DOS PASSOS DE ALENQUER

Os Passos da Procissão de Alenquer terão sido na sua origem armados em capelas temporárias, provavelmente de madeira, como acontecia em outros lugares. Foram contudo refeitos cerca de 1720-1730 em pedra liós, obra dispendiosa, como refere o Padre Luís Cardoso em 1747.


Passo da Porta do Carvalho - Alenquer

Pelos registos iconográficos que chegaram até nós, bem como por alguns restos de cantarias e das pedras de armas que as encimavam, representando as Cinco Chagas de Cristo, sabemos que eram em tudo iguais às capelas dos Passos de Lisboa datadas de 1699, do risco do arquitecto régio João Antunes, um dos maiores arquitectos do barroco nacional, que bem pode ter dado o traço para as capelas de Alenquer.


Passo da Procissão da Graça de Lisboa, construidos em 1699

As cinco magníficas Capelas dos Passos erguidas pela Irmandade constituíam um testemunho eloquente do seu prestígio no século XVIII, capaz de ombrear com a mais importante irmandade dos Passos de Portugal, a do Convento da Graça de Lisboa. A sua antiga localização é conhecida: o primeiro no Largo de S. Pedro em frente da igreja, o segundo em frente da igreja do Espírito Santo, mudado em 1872 para a parede da igreja, o terceiro na muralha do Palácio dos Peixotos (actual Largo Rainha Santa Isabel), o quarto contíguo ao Arco da Conceição e o quinto ao lado da antiga Porta do Carvalho (Largo da Câmara).


Do esplendor dessas Capelas, destruídas em data incerta, ficaram-nos três brasões e uma voluta guardadas na igreja da Misericórdia, quatro volutas que encimam o portão do Cemitério de Alenquer, um brasão no Parque Vaz Monteiro e três telas com cenas da Paixão, aparentemente de grande qualidade pictórica, pese o seu mau estado de conservação.




Diogo Correia

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