As Solenidades da Quaresma e da Semana Santa da Nazaré, organizadas desde 1620 pela Irmandade do Senhor dos Passos da Pederneira, atingem este fim-de-semana um dos seus pontos altos. Amanhã, 2 de Abril, pelas 17h00, a Procissão do Senhor dos Passos sai da Igreja da Misericórdia, na Pederneira, para o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, no Sítio. Já no domingo é celebrada missa na Igreja da Misericórdia às 15h00, onde se insere o Sermão do Pretório pelo pároco da Nazaré. Às 16h30 está marcado o Sermão do Encontro, junto à Capela dos Anjos, pelo vigário paroquial de Bombarral, Roliça e Vale Côvo. Às 19h30 a procissão chega ao Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, seguindo-se a cerimónia do Despregamento da Cruz e Sermão. Uma hora mais tarde tem lugar a Procissão do Enterro no Largo do Santuário. Na segunda-feira, 4 e Abril, é celebrada missa no Santuário, quando foram 11h00, com especial intenção pelos falecidos. Às 17h00 dá-se a saída da procissão do Santuário para a Igreja da Misericórdia, na Pederneira. Às 20h30 está prevista a chegada e adeus às imagens. A Procissão do Senhor dos Passos é uma das mais expressivas manifestações de fé das gentes nazarenas e atrai anualmente milhares de fiéis às ruas. No próximo fim-de-semana as celebrações quaresmais têm outro momento habitualmente muito participado. No sábado, dia 9, é celebrada a Via Sacra a partir das 21h00, com encenação pelo Grupo de Teatro da Paróquia de Peniche. A concentração é junto à Igreja de Nossa Senhora das Areias, seguindo depois para o largo em frente à Igreja da Misericórdia. “Passos, a Alma do Povo” A Procissão do Senhor dos Passos está de tal modo enraizada nos costumes das gentes da Nazaré que todos os anos, por alturas da Quaresma, a devoção tem dado o mote a uma exposição. “Passos, a Alma do Povo” é a mostra patente até 10 de Abril no Centro Cultural da Nazaré e que recupera alguns dos principais aspectos de um culto com quase 400 anos. Organizada pela Irmandade do Senhor dos Passos da Pederneira, que é também responsável pela organização da procissão, a exposição dá a conhecer o espólio e património ligado a este culto, um trabalho realçado pelo pároco da Nazaré, Padre José Luís Guerreiro, “numa sociedade que perde valores”. Na inauguração da mostra, realizada no passado sábado (26 de Março), também o presidente da autarquia nazarena, Jorge Barroso, ressalvou a importância da mostra, que diz “mostrar aos que nos visitam o que são os nossos valores e a nossa arte”. Já o presidente da Irmandade do Senhor dos Passos da Pederneira, José Adelino, considera que a exposição assume grande importância na manutenção de um culto iniciado em 1619 na Pederneira e interrompido apenas aquando das Invasões Francesas e no ano de 1872, quando uma grande epidemia assolou a Pederneira. “É uma forma de mostrar o espólio legado no passado e transmitir às gerações futuras o que temos que melhorar”, defendeu o responsável. Para José Adelino, a devoção ao Senhor dos Passos é um “sentir do povo nazareno” que faz todo o sentido preservar e materializar num museu temático, a criar na Igreja da Misericórdia. Para que isso seja possível, o responsável deixou ainda o apelo para que os artigos que estão em mãos de particulares regressem à Irmandade, para que o seu espólio “se possa tornar verdadeiramente testemunho da comunidade nazarena”. A devoção ao Senhor dos Passos é bem expressa nos donativos, oferendas e ex-votos que os crentes oferecem todos os anos. E um exemplo que mostra a dimensão do culto é o facto de já estarem prometidas até ao ano de 2022 as vestes dos santos que integram as procissões onde se invocam os últimos momentos da vida de Cristo. A Irmandade do Senhor dos Passos conta actualmente com 3.500 membros, espalhados por Nazaré, Peniche e comunidade emigrada em vários pontos do mundo. Joana Fialho
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